sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A FILHA DE MARIA ANGU - ATO I - CENA XV

Cena XV

Os mesmos, o Escrivão, que entra e observa cautelosamente tudo quanto se passa

Coplas

I
CLARINHA (Lendo o jornal.) - Esta maldita freguesia
De um grande abismo à beira está
Não tem o povo garantia,
Moralidade aqui não há!
O famoso subdelegado
Do cargo seu não quer cuidar,
Porque leva esse desgraçado
Todas as noites a jogar!
É isto, leitores, pregar no deserto,
E não vale a pena, não vale, decerto,
Qu'rer dar remédio a tanto mal
No independente Imparcial!
CORO - É isto, leitores, pregar no deserto, etc.
O ESCRIVÃO (À parte.) - Ora espera! (Sai.)

II
CLARINHA - Conquanto viúvo e já cansado,
E com três filhas a educar,
Tem o Senhor Subdelegado
Uma mulher particular.

Lá na Corte essa tipa mora,
Casa de muito luxo tem...
Tudo quanto ela deita fora
Paga este povo e mais ninguém!
É isto, leitores, pregar no deserto, etc.

ARTUR DE AZEVEDO - BIOGRAFIA RESUMIDA

Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo (São Luís, 7 de julho de 1855 - Rio de Janeiro, 22 de outubro de 1908) foi um dramaturgo, poeta, contis...