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A FILHA DE MARIA ANGU - ATO II - CENA IX

Cena IX
Os mesmos, Sampaio, o Escrivão

SAMPAIO (Entrando, zangado.) - Sei tudo! Sei tudo!
CHICA VALSA - Que isto quer dizer?
SAMPAIO - Sei que a senhora e este senhor entendem-se perfeitamente!
CLARINHA (À parte.) - Hein?
SAMPAIO - E que o recebeu em sua casa, isto é, em minha casa!
CLARINHA - É só isso? É verdade que recebi este senhor em minha casa!
SAMPAIO - Minha! La maison est de moi! Je suis le subdelegué qui mande ici!...
CHICA VALSA - Esta senhora é a minha melhor amiga. O Senhor Ângelo Bitu ama Dona Clarinha Angu, e é correspondido. Eu quis aproximá- los... (Baixo.) e malograr o seu intento, percebe?...

Quinteto

SAMPAIO - Hein?
ESCRIVÃO - Ih!
SAMPAIO - Oh!
CLARINHA - Eu cá zombar não quis...
CHICA VALSA - Se o senhor de mim desconfia,
Faz-me chegar a mostarda ao nariz!

SAMPAIO - Pois bem! que jure aqui reclamo
Que gosta do Bitu!

CLARINHA - Já que assim quer, eu lhe juro que o amo!
CHICA VALSA (À parte.) - A pobrezinha corada ficou,
Repetindo tais c'raminholas!

ESCRIVÃO( À parte.) - Vai dizer que sou um bolas!
SAMPAIO (A Bitu.) - E você lá, seu redator,
Aqui só está por causa dela?
BITU - Juro, caríssimo senhor,
Que aqui vim ver a minha bela!

ESCRIVÃO -Uh!
CHICA VALSA - Meu caro senhor, é por ela
Que se acha aqui Nhonhô Bitu,
E não foi senão para vê-la
Que ele deixou Maria Angu.

JUNTOS - Meu caro senhor, é por ela, etc.
SAMPAIO e ESCRIVÃO - Pois não será por causa dela
Que se acha aqui Nhonhô Bitu!
Foi para ver a tal donzela
Que ele deixou em Maria Angu.

BITU e CLARINHA - Não, não senhor, não é por ela
Que se acha aqui Nhonhô Bitu!

{vê-la e dar-lhe trela
Foi para {
{ ver-me e dar-me trela

Que lá deixei }
} Maria Angu!
Que ele deixou }
SAMPAIO (A Clarinha) - Mas não! Com Barnabé casar-se deveria!
Zombando estão de mim!

CHICA VALSA - Aí com que perfeição
Mente aquele ladrão!
SAMPAIO - Isso é sério?
BITU - Sério sou!
ESCRIVÃO (À parte.) - O pobre diabo acreditou!

TODOS - A coisa está patente!
A Chica tem razão!
Não pode tanta gente
Fazer combinação!

SAMPAIO - Seu escrivão, que diz a isto?
Você é um bolas, um grande animal!
ESCRIVÃO - Perdão! Enganei-me, está visto...
Julguei mal...
Eu fiz uma apreciação falsa...
Mas vendo estou....

SAMPAIO - Que vês tu?
ESCRIVÃO - Que a Senhora Chica Valsa
Não faz caso do Bitu!
CHICA VALSA - Ora aí está que sem malícia
Me defende este escrivão!
O escrivão é da polícia;
Tem valiosa opinião.
TODOS - Ora aí está que sem malícia
Me}
} defende este escrivão, etc.
A }

SAMPAIO - Está tudo acabado! (Estendendo a mão a Bitu.) Seja meu amigo.
BITU (Apertando-lha.) Obrigado, senhor.
SAMPAIO (Ao Escrivão.)- Você é um bolas, seu escrivão!... Vá se deitar...
ESCRIVÃO - As ordens de Vossa Senhoria serão cumpridas à risca. (Vai saindo.) Sobem a escada...
CHICA VALSA - Serão já os rapazes?
ESCRIVÃO - É o mestre barbeiro Barnabé. (À parte.) Decididamente, todo o Angu mudou-se para esta casa. (Sai.)
CHICA VALSA - É o Barnabé!
CLARINHA - Meu noivo!
CHICA VALSA - É preciso que ele não te veja! (Conduzindo Clarinha e Bitu à direita.) Entrem para a sala de jantar. (Bitu e Clarinha saem.) Oh! que idéia! É preciso desfazermo-nos deste Barnabé! Já nem me lembrava dele! Clarinha deve pertencer-me! (A Sampaio.) Dê-me o seu apito.

SAMPAIO - Para quê?
CHICA VALSA - Não ouve? Sampaio dá-lhe um apito, Chica Valsa tira uma pulseira do braço.)